BIOGRAFIA

O Stress é uma banda de heavy metal tradicional de origem na região amazônica de Belém-PA. É
 considerada a primeira banda de Metal do Brasil.
Os primeiros encontros aconteceram no início  de 1975, quando colegas de escola perceberam que tinham algo em comum, o rock. Num momento em que ser roqueiro, além de ser uma raridade , era sinônimo de rebeldia. Numa cidade em que predominavam os modismos impostos pela mídia nacional; contra todas as tendências culturais de uma cidade ainda provinciana como Belém, surgia o embrião da primeira banda de heavy metal do Brasil: Stress.
No início, ainda sem nome definitivo, era chamada de Pingo D'água devido ao formato do bumbo da antiga bateria "Pingüim", o repertório era composto por covers de bandas como: Rolling Stones, Nazareth, Sweet, Led Zeppelin, E. L. and Palmer, Black Sabbath, Deep Purple e outras bandas do gênero. A formação da época já contava com André Chamon (bateria), Leonardo Renda (teclado), Roosevelt Bala (vocal), Wilson Mota (guitarra) e Paulo Lima (baixo), todos na faixa dos 14/15 anos de idade.
As primeiras apresentações aconteceram no ano seguinte, quase sempre em festas de aniversário e festivais escolares, pois tudo não passava de pura diversão. No final de 1976 entrava para a banda o guitarrista Pedro Valente, Wilson assumiu o baixo com a saída de Paulo Lima. Considerado um músico extraordinário, Pedro abriu novos horizontes para o grupo que deixaria de ser uma mera banda de festinhas para se aventurar em vôos solo.
O primeiro show oficial da banda foi em 1977, já então definitivamente batizada como Stress, por sugestão do Pedro. A partir de então a banda começou a conquistar uma legião de fãs e admiradores que até então, não tinham nenhuma alternativa para ouvir aquele tipo de música, a não ser através dos discos que chegavam com atraso de anos (se chegassem) ás lojas de Belém. Os shows da banda se tornaram reuniões memoráveis de "roqueiros", esse era o termo que, este era termo que a partir dai trocavam informações, discos, firmaram amizades que duram até os dias de hoje e passaram a acreditar que era possível o surgimento de um movimento musical forte, como é hoje o rock paraense. Com todo o apoio desse movimento emergente, onde ajudavam na venda de ingressos, afixação de cartazes e faixas, confecção de camisetas, os shows da banda começaram a acontecer em lugares cada vês maiores.
Em 1978 começaram as primeiras composições, com as letras em inglês, com algumas influências de bandas como: Judas Priest, Saxon e Foghat, porém a pedido dos fãs que queriam entender as letras, as músicas que já estavam prontas re-feitas em português, e as demais composições seriam em português originalmente.
Em 1979 os membros do Stress entram para a faculdade e os shows ficam menos freqüentes, porém cada vez mais bem produzidos e em grandes locais. A essa altura, em Belém, o movimento já contava com algumas bandas tentando seu espaço, inspirados no Stress, viram que era possível fazer um som de qualidade, mesmo numa região do planeta onde a tradição musical era fortemente dominada pela música regional.
Em 1982 Roosevelt Bala assumiria o baixo com a saída de Wilson Mota por motivos profissionais e com o final da faculdade para alguns, se achou que seria hora de definir o futuro, pois Belém já estava muito pequena para o Stress. Em agosto desse ano, numa decisão arrojada, o grupo reuniu todas as economias e se aventurou para o Rio de Janeiro a fim de gravar o primeiro disco, naquela época os custos eram astronômicos para se fazer uma produção independente e ainda havia os custos de viagem. Em dois dias de gravação (16 horas) num modesto estúdio chamado Sonoviso, em 8 canais, seria então gravado o primeiro disco do Stress, que viria a ser um marco na história do rock brasileiro e até internacional. Com músicas rápidas e pesadas, com letras inteligentes e de grande conteúdo, em português, "Stress" colocaria definitivamente o nome da banda na lista das mais cultuadas no Brasil. Apesar da baixa qualidade  de gravação, pois ninguém tinha "know-how" para gravar Heavy no Brasil até então, a repercussão do feito foi estrondosa. Recebido de braços abertos por toda a imprensa de Belém, as músicas do disco eram presença certa no Hit-Parade das rádios da cidade.
O lançamento do disco foi uma festa memorável, cerca de 20.000 pessoas no estádio do Payssandu compareceram para testemunhar esse feito histórico para uma banda paraense. O disco logo viraria raridade, pois somente 1.000 cópias foram feitas. Uma delas chegou às mãos de um produtor da Rádio Fluminense no Rio, a Rádio Rock Brasil "A Maldita". A música "Oráculo do Judas" entrou na programação da Rádio tornando assim o Stress conhecido dos cariocas, ao mesmo tempo Fanzines de todo o Brasil denunciavam o surgimento da primeira banda nacional de Heavy Metal.
Em 1983 começava a explodir no Brasil o movimento "Rock Brasil", que começou no circo voador (Rio) com a produtora Maria Juçá, onde bandas de todo o país disputavam uma oportunidade para tocar. Quando ouviu o disco do Stress Maria Juçá ficou impressionada com o trabalho e resolveu lançar a banda em um evento que ocorria toda sexta-feira, esse show marcaria a estréia do guitarrista Paulo Gui, que de lá pra cá substituiria Pedro Valente que mudou-se para a França. Paulo, que antes de se tornar guitarrista e tocar com a banda paraense "Apocalipse" (outro marco do Heavy Metal no Pará), era admirador e freqüentador assíduo dos shows do Stress (desde o 1º em 1977 no Teatro São Cristóvão). Após este evento a produtora resolveu lançar a 1a noite de Heavy Metal do Circo Voador onde tocariam na abertura as bandas Água Brava, Dorsal Atlântica (que ainda era uma banda cover), além de um vídeo inédito do Iron Maiden, esse show foi recorde de bilheteria do Circo Voador, com direito a quebra de instrumentos, a la The Who, e invasão de palco por parte do público ao final do show.
A partir de então os convites para shows no Rio tornaram-se freqüentes o que levou a banda a mudar-se para lá, no início de 1985. Nesse mesmo ano a Stress assinou com a gravadora Polygram para gravar o segundo disco "Flor Atômica". Paulo Gui não pode viajar, então Alex Magnun assumiu a guitarra, que por sua vez trouxe o baixista J. Bosco, ambos de uma banda de Niterói chamada Metal Pesado. O disco lançou o grupo nacionalmente, pois a distribuição abrangeria o Brasil todo, revistas de repercussão nacional estampavam o grande feito da banda paraense.
O momento para o Rock Nacional era ótimo, bandas de todo o Brasil começavam a despontar na mídia. O Stress começava a tocar em várias cidades do eixo Rio, São Paulo e Minas Gerais. Num certo momento as gravadoras talvez sugestionadas pelas FM's, resolveram dar preferência para as bandas que faziam "Rock" com guitarras sem distorção. Por não se curvar a tais exigências e principalmente em respeito ao seu público e aos ideais que alimentavam o orgulho de ser paraense, pioneiro e "roqueiro" de verdade, o Stress resolveu não mudar o seu estilo e com isso ficou à margem do mercado fonográfico. A banda continuou fazendo shows, mas não conseguiu gravar um outro disco, então em meados de 1987 resolveu parar e esperar uma reviravolta naquele quadro adverso para o rock mais pesado.
Os anos passaram e quase nada mudou e em 1995, André, Roosevelt e Paulo se reuniram em Belém e gravaram um CD experimental intitulado "Stress III" com músicas inéditas, com um tiragem de 500 cópias. Houve shows de lançamento em Belém e no Rio, de lá pra cá a banda faz um show por ano em Belém sempre com casa cheia, para atender ao público que continua fiel e sobretudo dar uma mostra para as novas gerações de músicos de que é possível ser feliz e se realizar com seu trabalho mesmo contra tudo e todos, pois a primeira banda de Heavy do Brasil e da América Latina, considerada como primeira de Trash Metal do mundo, quem diria, é de Belém do Pará.
"Hoje quando eles se reúnem para shows, a magia surge de tal forma que o tempo torna-se apenas um detalhe e o sonho renasce."

Fonte:www.stress.mus.br


O rock e o heavy metal no Brasil

Hoje, o heavy metal é conhecido em todo o Brasil. Clips são exibidos diariamente nas TVs a cabo, o som pesado é transmitido sem discriminação através das ondas de rádio, as revistas abrem espaço para os novos lançamentos, as grandes bandas internacionais incluem nosso país em suas turnês para bater recordes de público, e a Internet mantém os fãs informados em tempo real, não deixando que novidade alguma fique em segredo.

Mas nem sem sempre foi assim. Houve um tempo em que nada disso existia.

Desde a gravação de Ronda das Horas, versão de Rock Around the Clock de Bill Haley & His Comets, cantada por Nora Ney em 1955, o rock passou a fazer parte do nosso cotidiano.

Esteve presente nos movimentos culturais da década de 1960, como a “Jovem Guarda”, que se inspirava nos The Beatles e The Rolling Stones, e a “Tropicália”, de cunho nacionalista e forte apelo ideológico.

Acompanhou as manifestações da contracultura, fazendo artistas como Raul Seixas sonharem com uma Sociedade Alternativa.

Foi a estrela do Festival de Woodstock, que, no auge da era hippie, serviu de palco para as performances de Janis Joplin e Jimi Hendrix, cujo experimentalismo psicodélico influenciou o trabalho de bandas como “Os Mutantes”.

E assim termina a década de 1960, período marcado pela diversidade cultural, onde o rock cresceu, se multiplicou e assumiu várias formas, subdividindo-se em diferentes estilos.

Mas a cena não estava completa. Nos anos seguintes, outros jovens com espírito crítico e contestador, não viveriam as experiências daquela geração, tendo delas conhecimento somente através de filmes e documentários, o que lhes dava a impressão de passado. Para eles, faltava alguma coisa que se identificasse com o seu temperamento e jeito de ser. Algo de novo estaria por vir.

Em 1974, quando o Brasil ainda vivia na ditadura militar, muitos jovens que acabavam de sair da puberdade eram criados em um ambiente conservador. Alguns deles sentiam-se reprimidos no dia-a-dia e buscavam um tipo de rock que os estimulasse e servisse de trilha sonora para expressarem sua revolta.

Os lançamentos dos discos de estréia de bandas como “Casa das Máquinas”, “O Terço”, “A Barca do Sol”, e do primeiro disco da Rita Lee com a “Tutti Frutti” indicavam a tendência para o rock and roll, o hard rock e o rock progressivo.

No panorama internacional, o que havia de mais pesado era o "heavy rock" tocado por grupos como “Led Zeppelin”, Deep Purple” e “Black Sabbath”. O “Kiss” tinha acabado de lançar o seu primeiro disco.

Bandas como “Motörhead”, “Saxon” e “Iron Maiden” nem existiam. O próprio termo “metal” ainda não havia sido associado ao heavy para designar o estilo musical. É como se estivéssemos no espaço. Sem força da gravidade. Sem peso.

História

Surgimento da banda


Tudo começou na cidade de Belém, capital do Estado do Pará, fundada no início do século XVII ao redor do Forte do Castelo, construído para defender a Região Norte do Brasil da invasão estrangeira. Situada na região amazônica, Belém sempre foi conhecida pelas suas frutas regionais, comidas indígenas, pela procissão do Círio de Nazaré e pela sua música tradicional: o Carimbó.

No início dos anos 1970, em Belém, havia pouca coisa para um roqueiro adolescente fazer nos fins de semana. As novidades do rock internacional chegavam no Brasil com um certo atraso. O acesso aos novos lançamentos em disco era um privilégio de poucos, e estes tinham dificuldade para se encontrar. Quando sabiam que havia mais alguém que gostava destas bandas, logo procuravam conhecê-lo para partilhar o prazer de ouvir e sentir a energia daquele som: alto, forte e contagiante, mas estranho para a maioria das pessoas.

Foi nesse clima que, em outubro de 1974, André Chamon foi convidado pelo paraense Wilson Silva e pelo carioca Pedro Lobão para formar uma banda de rock. Aceitaram o convite e chamou seu amigo de infância, Leonardo Renda, para participar do projeto. Leonardo ofereceu a garagem de sua casa para os primeiros ensaios, cada um escolheu o seu instrumento e todos juntos aprenderam a tocar. Wilson e Pedro se revezavam na guitarra e baixo, o Leonardo resolveu tocar teclados e o André bateria. O bumbo da bateria era torto, parecia um pingo, e por este motivo o primeiro nome da banda foi “Pinngo D'água” - com dois ênes para ser diferente. Antes do final do ano, Pedro voltou para o Rio de Janeiro e Paulo Lima assumiu o baixo. Tiveram, ainda, um guitarrista chamado Adonay, que o pai proibiu de tocar.

Em 1975, Wilson ouviu Roosevelt Bala cantar uma música do “Led Zeppelin” na escola, e o convidou para ser o vocalista da banda. A partir daí, começaram a se apresentar em festinhas de adolescentes, onde o seu som pesado causava surpresa e um certo constrangimento no público, mais chegado a “Bee Gees”, “Donna Summer”, “Barry White” e demais ídolos da música disco. Foi uma época de muita diversão, o que contribuiu para criar um forte vínculo de amizade entre os membros da banda. Em 1977, com a entrada do guitarrista Pedro Valente, a banda passou a se chamar "Stress," e fez seu primeiro show com este nome em um tradicional teatro da cidade, chamado “São Cristóvão”.

Primeiras composições


Em 1978, a Stress começou a compor suas próprias músicas. A primeira delas foi “Stressencefalodrama”. Nesta época, enquanto as bandas brasileiras continuavam a seguir a trilha do rock and roll e do rock progressivo, a Stress forjava o seu estilo rápido e pesado. Paralelamente, um certo movimento de bandas inglesas começava a tomar corpo e era batizado de “New Wave of British Heavy Metal” (Nova Onda do Heavy Metal Britânico), no qual despontavam nomes como “Judas Priest”, “Saxon”, “Motörhead” e “Iron Maiden”, praticamente desconhecidas pelo público brasileiro. As composições da Stress continham a mesma dose de peso e fúria dos bretões, porém com um estilo original e único.

Como não havia liberdade de expressão no Brasil dos anos 1970, todas as letras de André Chamon eram censuradas, mas ele sempre encontrava um jeito de substituir as palavras que eram consideradas subversivas, por outras com a mesma pronúncia. Por exemplo: na letra de “O Lixo”, a expressão “Lixo Humano” foi vetada porque, segundo os censores, denegria a imagem do ser humano. Bastou que ele retirasse duas letras, para que se transformasse em “Lixo mano” e fosse liberada. A música “O Oráculo do Judas”, que originalmente chamava-se “Corpus Christi”, também teve que ser modificada.

Em junho de 1979, o show “Uma Noite na Floresta” marcou a despedida do baixista Wilson Silva da Stress, que passou a contar com a participação de Carlos Reimão. Já bastante conhecida, a banda realiza vários shows com grande sucesso em Belém.

Em novembro de 1980, com o show “Stressencefalodrama”, a Stress bate o recorde de público no Teatro Waldemar Henrique com três shows “sold out”.

No ano seguinte, em novembro de 1981, apresenta o show "Flor Atômica" no maior ginásio de esportes da cidade (o da Escola Superior de Educação Física) e um show ao ar livre em uma das principais avenidas de Belém (a Av. Doca de Souza Franco) ambos prestigiados por milhares de pessoas.

Em junho de 1982, nas vésperas de um show no Ginásio de Esportes da Universidade Federal do Pará, o baixista Reimão abandona a Stress, e o vocalista Bala resolve assumir definitivamente o

O primeiro álbum: Stress


Motivados pelo grande sucesso alcançado em sua cidade natal, os integrantes da Stress viajam para o Rio de Janeiro, e hospedam-se em um único quarto de uma pequena pensão no bairro do Catete, para gravar o seu primeiro álbum, de maneira independente, no menor espaço de tempo possível, pois as despesas, ao contrário do que previram, aumentavam a cada dia. Foi assim que, nos dias 3 e 4 de agosto de 1982, em apenas 16 horas, numa mesa de 8 canais, no Estúdio Sonoviso, a Stress grava aquele que seria o primeiro LP de heavy metal de uma banda brasileira. Mas foi necessária uma grande luta para registrar o peso em vinil. O técnico de som quase colocou tudo a perder. Queria a todo custo deixar o som limpo. Chegou a tentar enganar a banda, dizendo que não era necessário pedal de distorção, pois esta seria acrescentada na mixagem. Apesar dos poucos recursos existentes e da falta de preparo dos técnicos de estúdio no Brasil, que desconheciam este tipo de som, a Stress consegue impor o seu estilo.

Após a gravação, ainda em 1982, a Stress volta a Belém e monta uma superprodução para o lançamento do disco. O show acontece no "Estádio da Curuzu" (estádio do clube Paysandu) em novembro de 1982, onde tocam para o seu maior público, estimado em 20.000 pessoas.

No início de 1983, Pedro viaja para França, sendo substituído pelo guitarrista Paulo Gui. André retorna ao Rio de Janeiro, onde faz a divulgação do disco na Rádio Fluminense FM, que anuncia a Stress como “A banda de rock mais pesada do Brasil”, e executa a música “O Oráculo do Judas” e outras em sua programação.

Em abril de 1983, a Stress realiza o seu primeiro concerto no Rio de Janeiro, na casa de espetáculos Circo Voador. Ao chegarem ao local do show, os membros da Stress tiveram uma grande surpresa: a casa estava lotada e foram recebidos pelos fãs como se estivessem “estourados” na mídia. Não sabiam que a música “O Oráculo do Judas” havia entrado na programação da rádio Fluminense, e realmente não esperavam tal receptividade. Após a apresentação, o público invade o palco para pedir autógrafos, surpreendendo os produtores, que jamais haviam visto reação igual em qualquer outro show realizado naquele local. Em depoimento na época, André disse acreditar que o sucesso da Stress se devia ao fato de que seus membros faziam no palco aquilo que gostariam de assistir, e se identificavam com o seu público, porque viviam e sentiam como ele.

Alguns meses depois, a Stress voltaria a se apresentar no Circo Voador, desta vez sem o tecladista Leonardo Renda e, agora, com a entrada do guitarrista Serginho Barbosa no lugar do Paulo Gui.

A repercussão no rock/heavy brasileiro

Era um tempo de mudanças: várias outras bandas de rock começavam a aparecer no cenário nacional, quebrando o monopólio da MPB, que durante anos dominara o mercado fonográfico. Muitas dessas bandas, que dividiam os palcos com a Stress, viriam a encabeçar o movimento que ficou conhecido como “Rock Brasil”. Foi neste início dos anos 1980 que as grandes gravadoras começaram a se interessar por este movimento, e passaram a procurar algumas daquelas bandas, contratando de início as mais comerciais, como “Barão Vermelho”, “Blitz” e “Ultraje a Rigor”.

Embora, no início, alguns jornais e revistas tivessem incluído a Stress no movimento “Rock Brasil”, esta banda sempre se recusou a tornar o seu som mais comercial e acessível para os padrões daquela época, em que as rádios populares não tocavam rock pesado. Mesmo lotando todos os locais onde se apresentavam, as guitarras distorcidas e o ritmo acelerado da Stress impediam o seu acesso ao grande público.

Finalmente, com o anúncio do “Rock in Rio”, que seria realizado em janeiro de 1985, e a divulgação das bandas de heavy metal estrangeiras que participariam deste festival, a grande mídia abriu pela primeira vez espaço para este estilo.

O segundo álbum: Flor Atômica


Animados com a divulgação inédita que o metal havia conseguido, o baterista André Chamon e o vocalista Roosevelt Bala resolveram se mudar definitivamente para o Rio de Janeiro, em busca de novas oportunidades para a Stress. Estavam no lugar certo e na hora certa, e surgiu a chance de lançar o seu segundo disco através de uma grande gravadora. Chamaram o tecladista Leonardo Renda e o guitarrista Paulo Gui, que estavam em Belém, mas estes não puderam viajar para o Rio. Lembraram-se do guitarrista Alex Magnum e do baixista Bosco, que haviam visto tocar em uma banda de Niterói, chamada Metal Pesado, e os convidaram para a gravação.

E foi assim que, em meio a lançamentos de discos de bandas new wave, estilo de música pop americana que era o modismo da época no Brasil, a Stress lançou, em 1985, o seu segundo LP: Flor Atômica através de uma gravadora multinacional, a PolyGram.

A repercussão na mídia

Com isto, a Stress ganhou espaço em jornais e revistas do Brasil inteiro, como O Globo, Jornal do Brasil, Revista de Domingo, O Dia, Última Hora, Tribuna de Minas, O Liberal, A Província do Pará, Isto É, Amiga, Veja, Som Três, Ele e Ela, Bizz, Roll, Rock Stars, Metal, Enciclopédia do Rock, Mixtura Moderna, Bizzu, Pipoca Moderna, Dicionário do Rock, entre outros.

O disco “Flor Atômica” foi muito bem recebido pela crítica, que se referia à Stress e ao seu trabalho da seguinte forma: “A mais tradicional banda de heavy metal brasileira”, “Um trabalho histórico dentro do mercado”, “Primordial nome do metal brasileiro”; “Fez história no heavy nacional; “Uma banda extremamente competente”.

Na televisão, a Stress se apresentou em vários programas.

Na TV Manchete: “Som Maior”.

Ainda na TV Manchete: “Clube da Criança”, com a apresentadora Xuxa no início da sua carreira. Na TV Bandeirantes: “Série Nossa Amazônia”, “Programa Alberto Brizola” e “Fórmula Única”. Na TV Record: “BB Vídeo”.

A Stress também foi convidada pela Tv Globo para defender uma música chamada “Os Jovens Não Devem Morrer” no “Festival dos Festivais”, e seus membros viajaram para Recife para participar da primeira etapa a ser realizada no dia 27 de julho de 1985. O arranjador oficial do festival, César Camargo Mariano, gostou tanto do trabalho da Stress que deu carta branca para que a banda fizesse o seu próprio arranjo. Após já haverem ensaiado a música e a movimentação de palco, o autor da música começou a criar problemas e a tentar interferir no arranjo da STRESS, dizendo que havia ficado muito pesado.

Não concordando em aliviar o seu som, a Stress acabou deixando de participar deste festival, rasgando a chance de mostrar o seu trabalho para o grande público.

Foi também em 1985 que a TVE do Rio de Janeiro produziu o primeiro "videoclipe" da Stress, com a canção "Flor Atômica". Este trabalho foi veiculado no programa "Fantasia", em uma época em que o formato de "clips" ainda era novidade e não era divulgado como nos dias de hoje.

A fidelidade ao heavy metal

Apesar de não ter atingido o índice de vendas esperado pela gravadora, a Stress liderou um movimento underground heavy no Rio de Janeiro, cujo templo era um lugar obscuro chamado Caverna, situado ao lado da maior casa de espetáculos da cidade na época: o Canecão. Nas matinês do Caverna, a Stress dava oportunidade para as bandas iniciantes fazerem a abertura dos seus shows. Entre estas bandas, estava uma formada por garotos mineiros que se declaravam fãs da Stress e tinha um nome muito estranho: Sepultura.

Apesar do movimento heavy carioca, as gravadoras continuavam investindo somente nas bandas mais comerciais. A Stress chegou a receber propostas para amenizar o seu som e tornar-se mais uma entre as bandas que emplacavam seus hits pops no play list padronizado das rádios.

Mas a Stress sempre foi muito fiel ao seu público e, por uma questão de princípios, se recusou a mudar seu estilo. E como os grandes mártires, sofreu as conseqüências da sua bravura, perdendo o contrato com a gravadora.

Sem espaço no Brasil, as outras bandas heavy, que compunham suas letras em inglês, passaram a lançar seus discos através de selos estrangeiros. Recusando-se mais uma vez a modificar o seu trabalho, a Stress decidiu manter suas letras em português, e com isto perdeu o apoio dentro e fora do seu país, ficando isolada entre os dois movimentos.

Em 1986, no meio da crise, o guitarrista Alex e o baixista Bosco resolvem deixar a Stress, que anuncia abertas as vagas para substituí-los. Depois de vários testes, escolhem o guitarrista Christian, filho de um americano com uma brasileira, e o baixista Rick, com quem fazem alguns shows. Christian e Rick brigam entre si, e o Rick sai da banda. Bala reassume o baixo, e junto com André e Christian gravam uma fita demo no estúdio do Carlinhos, ex-guitarrista da banda Ultraje a Rigor, em São Paulo.

A STRESS participa do Festival de Juiz de Fora, e continua fazendo shows em outras cidades, até que o Christian, que também era cidadão norte-americano, vai morar de vez nos E.U.A.

Christian ainda tenta convencer os outros membros da banda a se mudarem para a terra do tio Sam, mas estes decidem continuar no Brasil.

Depois de mais este duro golpe, a Stress ainda tenta se manter na estrada com o guitarrista Alex Schio e o baixista Alex Bressan, de Juiz de Fora, mas estes não ficariam por muito tempo na banda.

A suspensão das atividades

Bala e André, que haviam literalmente mudado suas vidas por amor ao heavy, saindo da sua cidade, deixando emprego e diploma para trás, e afastando-se das suas famílias, não viam mais luz alguma no fim do túnel e, em 1987, resolvem dar um tempo e esperar o momento propício para retornar.

Mas que momento seria este? Os acontecimentos seguintes pareciam afastar cada vez mais a Stress do seu objetivo. Desde 1986, o rock havia sido abalado pelo surgimento da Axé Music, e a partir dela, por uma sucessão de modismos, que durante quase dez anos invadiram a mídia, que não se cansava de dizer que o rock havia morrido.

E assim foi, até que, em 1994, a indústria fonográfica resolveu apostar em bandas regionais como os Raimundos e Chico Science & Nação Zumbi, que misturavam rock com música do nordeste.

O retorno e o terceiro álbum: Stress III

Pensando haver chegado a hora, o vocalista Roosevelt Bala, o guitarrista Paulo Gui e o baterista André Chamon se reúnem novamente para compor novas músicas e, em 1996, a STRESS lança o seu terceiro disco em CD, “Stress III”, com produção independente. Mas a banda não tinha o sotaque nordestino nem a miscigenação rítmica desejada pelo mercado, o que fez este trabalho passar praticamente despercebido.

Vinte anos de heavy metal: o reconhecimento

Finalmente, em 2001, quando já quase não havia mais esperanças de um possível retorno, o Stress recebeu um convite do selo “Dies Irae” para fazer o relançamento em CD e vinil do seu primeiro disco, em comemoração aos 20 anos de heavy metal no Brasil. A produção só foi concluída em 2003, e o disco foi relançado com distribuição internacional.

Como consequência, em maio de 2003, o disco recebeu elogios rasgados na coluna "in scheiben" publicada na revista alemã "Rock Hard", uma das mais importantes publicações do mundo no gênero. Nesta revista, o crítico Boris Kaiser deu ao disco nota 8, qualificando-o como uma magnífica descoberta, um produto hiper-raro, que deve ser adquirido por todos os amantes da “New Wave of Britsh Heavy Metal” (a nova onda do heavy metal britânico), e do US-Metal (o metal americano). No seu comentário, o crítico alemão acrescenta um ponto de exclamação (!) ao dizer que a STRESS veio da Amazônia, e dois (!!) quando informa que o disco foi lançado em 1982.

Paralelamente, a importância da Stress é reconhecida em sua terra natal, e a banda é homenageada pelo Governo do Estado do Pará, que a inclui em seu calendário oficial.

Motivada pelo reconhecimento internacional do seu trabalho, a Stress fez um show histórico, no dia 13 de maio de 2005, na cidade de Belém, onde tudo começou. Este show, que marcou o retorno da banda, foi gravado pela Tv Cultura do Pará, para a produção do seu primeiro DVD. Com Participação especial do Wesley de Planaltina GO.

Os dias de hoje e o lançamento do DVD

A notícia do retorno da Stress se espalha rapidamente através da mídia. Na imprensa, ainda no mês de maio, a revista “Valhalla” inclui a Stress entre as dez bandas fundamentais do metal nacional. Em julho, a revista “Rock Brigade” dedica uma página para anunciar o retorno da Stress. Em setembro, a Stress dá uma entrevista ao programa “Stay Heavy” na All Tv, a primeira Tv via internet do Brasil. Em outubro, a revista “Roadie Crew” publica a cobertura do show da Stress em São Paulo, e em novembro dedica quatro páginas para contar a história da banda. Na televisão, no dia 12 de julho de 2005, o “Jornal Hoje” da Tv Globo mostra cenas do show de Belém, enfatizando o fato de a Stress ser a primeira banda de heavy metal do Brasil, e estar influenciando novas bandas.

Em 2007, a Stress lança um DVD com o show que marcou o seu retorno em 2005, incluindo making off, discografia e um documentário que conta toda a sua história.
Formação Atual

  • Roosevelt "Bala" Cavalcante - baixo, vocal
  • Paulo Gui - guitarra
  • André Lopes Chamon - bateria